Leonardo di Ser Piero, ou simplesmente “da Vinci”, nasceu em 15 de abril de 1452, em Vila de Vinci, na Toscana, Itália. Filho da camponesa Caterina Lippi e do tabelião Piero da Vinci. Aos 5 anos de idade Leonardo foi deixado por sua mãe junto a seu pai, que delegou seus cuidados aos seus parentes. Ao contrário do que muitos imaginam seu sobrenome não é Da Vinci, essa denominação é em função do local onde ele nasceu, seria algo mais ou menos como Leonardo da VIla da Vinci.
Leonardo viveu boa parte na sua vida em cidades italianas como Florença, Milão, Roma e por último em Cloux na França.
Sua vida foi marcada por extrema genialidade e por intensa dedicação às mais diversas áreas de conhecimento, passando desde as artes plásticas, até engenharia e medicina, porém muitos aspectos da sua vida privada ainda são meras especulações.
Em 2018 o premiado biógrafo estadunidense Walter Isaacson escreveu a mais recente bibliografia de Da Vinci, na qual ele escreveu a seguinte sentença para definir vida e obra do próprio:
“O maior gênio da história era filho ilegítimo, gay, vegetariano, canhoto, muito disperso e, às vezes, herético”
Algumas dessas afirmações ainda carregam dúvidas em relação a sua veracidade, como o fato de Leonardo ser gay. Isaacson se baseia nos mais de 30 diários do artista que hoje são domínio público, para construir sua obra, ou seja, há subjetividade em relação a interpretação dos escritos.
O fato é que em 1476 Leonardo foi acusado em júri por práticas de sodomia junto ao prostituto e modelo de obras Jacopo Saltarelli, e em seus diários também é possível encontrar as mais diversas exaltações a um de seus discípulos Gian Giacomo Caprotti, com quem se acredita que ele teve um caso. Caprotti iniciou seus trabalhos junto a Da VInci aos 10 de anos de idade, e Leonardo já elogiava a beleza e astúcia do rapaz, inclusive o rebatizando de Salaì, em referência ao sultão Saladino, líder islâmico nas cruzadas, que era conhecido tanto por sua força e sanguinolência, quanto por sua beleza.
Para o Historiador da Arte e professor Alessandro Vezzosi, o fato de Leonardo nunca ter tido filhos ou de ter mencionado suas amantes em nenhum de seus diários ajuda reforçar a ideia de que seus grandes amores foram seus modelos de pintura e seu discípulo.
Tanto que ele afirma que ser homossexual em Florença naquele período não era algo anormal -”A cidade era muito mais tolerante e liberal do que outras cidades-estados italianas da época. Especialmente com os artistas. Tanto que se dizia que a homossexualidade era a ‘doença florentina’”
O fato é que muitos aspectos da vida de Da Vinci ainda são obscuros, e ficam no campo da especulação.
Obras de Da Vinci
Em sua grandiosa trajetória, foram criadas em torno de 30 obras, um número relativamente modesto se comparado a outros grandes artistas ao longo da história da humanidade, porém foram obras que marcaram uma era e até hoje são reverenciadas nos principais museus do mundo.
“Anunciação”: 1475-1480
“Adoração dos Magos”: 1481
“A última ceia”: 1498
“Mona Lisa ou La Gioconda”: 1503-1505
“A Virgem e o Menino com Santa Ana”: 1510
“São João Batista”: 1514
Em seu acervo ainda é possível encontrar obras inacabadas como “A adoração dos magos”, “São Jerônimo no deserto” e a “Batalha de Anghiari”, essa última é um afresco, uma espécie de mural feita sobre uma parede ou teto, com base de gesso ou argamassa. A obra não foi finalizada por Da Vinci e sim pelo também pintor italiano Giorgio Vasari, que na parte superior escreveu o seguinte “Cerca Trova", o que pode ser traduzido como “busque e achará”. Intrigados com isso um grupo de historiadores, arqueólogos introduziu uma sonda através de fissuras que na obra e encontraram uma pigmentação escura que era de uso exclusivo de Da Vinci.
A Última Ceia
A Última Ceia” é uma pintura sobre a parede do refeitório do Convento de Santa Maria Delle Grazie, em Milão, Itália, e representa a última refeição de Jesus junto aos seus discípulos.
Alessandro Vezzosi afirma que a obra representa o momento no qual Jesus afirma que ”um de vós me há-de trair” e por isso há essa extrema agitação e as mais diferentes expressões dramáticas dos apóstolos, demonstrando uma inquietação, apreensão e surpresa.
Da Vinci utilizou a técnica de afresco que era a de têmpera de ovo sobre reboco úmido. A obra também apresenta uma perfeita simetria, já que representa os 12 apóstolos em 4 tríades e Cristo no centro, e se for traçado uma diagonal na obra, o porto de convergência (encontro) será a face de Jesus de Cristo.
Mona Lisa ou La Gioconda-a alegre
Ao lado da Última Ceia, Mona Lisa é uma das mais importantes obras de Da Vinci e atravessa as paredes do museu e do mundo erudita, invadiu a cultura Pop e o imaginário de todos nós- afinal quem é Monalisa? Ela realmente está sorrindo?
Quem é Mona Lisa?
A primeira teoria e possivelmente a mais provável, que é elaborada por Giorgio Vasari, um quase contemporâneo de Da Vinci, é que a moça retratada é Lisa del Giocondo, esposa de Francesco del Giocondo, figura importante da sociedade de Florença, além do que apenas membros do alto escalão da sociedade possuíam dinheiro suficiente para serem retratados em quadros.
A segunda hipótese é de que se trata de Isabel de Aragão, a duquesa de Milão.
E a terceira e última hipótese, e há um pouco mais fantasiosa é que se trata de um autorretrato do Da Vinci vestido de mulher.
E o sorriso?
Uma teoria que circula no imaginário popular é que o sorriso de Mona Lisa seria uma maneira dela expor a traição junto ao seu marido, porém isso não se pode confirmar. Em 2016 a revista mundialmente renomada “Science Direct” publicou um estudo no qual alegava que realmente o sorriso de Mona Lisa se tratava de um sorriso dissimulado.
“De acordo com algumas teorias influentes da neuropsicologia da emoção, interpretamos o sorriso assimétrico da Mona Lisa como um sorriso notado quando a pessoa está mentindo””
Os pesquisadores afirmam que não há uma ativação da musculação superior, que um sinal nítido da felicidade genuína segundo neurologista francês do século 19, Guillaume Duchenne, que elaborou o conceito de “sorriso de Duchenne” que é o sorriso genuinamente feliz.
Para Lucia Ricciardi, coautora do estudo, a técnica pictórica do nuançado de Leonardo pode ser notada do lado esquerdo: "Ele ergueu o lábio da mulher ligeiramente, como se fosse pintar um sorriso". Por conta disso, a equipe teoriza que, talvez, Da Vinci já soubesse identificar um sorriso verdadeiro três séculos antes dos relatos de Duchenne, e, por isso, "deliberadamente ilustrou um sorriso expressando de uma emoção 'não sentida'"
Fontes:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0010945219301364?via%3Dihub